Mãe Catita: Aprender sobre autoestima
O nome Mãe Catita não deve ser estranho a mães e pais que me estão a ler. Este é o nome pelo qual Joana Laranjeiro é conhecida, que é também o nome do seu projecto dedicado a promover a autoestima e a parentalidade consciente para o futuro. No final de 2023, o seu Eu sou super. Pequenos exercícios para uma grande autoestima, um livro especialmente pensado para os mais novos e para os seus pais, chegou à 2ª edição. Com ilustrações de Diana de Oliveira e partindo de 50 exercícios práticas, é uma óptima ferramenta para ajudar os mais novos a desenvolver uma autoestima saudável ao mesmo tempo que se divertem.
Mas não faz sentido falar de livros para os mais novos, sem dar espaço às pessoas que os pensam com todo o carinho. No mês em que o Clube dos Superpoderes é dedicado ao superpoder de aprender, nada melhor do que ficar a conhecer a Joana Laranjeiro, a Mãe Catita que dedica o seu tempo a tornar mais fácil a nossa viagem na parentalidade.
Mãe Catita: Acreditar que é possível uma parentalidade mais consciente
1. Mãe Catita, um nome que fica no ouvido e que associamos à parentalidade consciente. Mas afinal quem é a Mãe Catita?
A Mãe Catita é a Joana Laranjeiro. Adoro fazer perguntas, e procurar as respostas. Tirei o curso de Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes, e trabalhei 13 anos como diretora de arte em grandes agências de publicidade em Portugal.
Com o nascimento do meu filho, comecei a fazer ainda mais perguntas. Decidi investigar uma parentalidade com base no mindfulness, promotora de uma autoestima saudável, e que permite construir uma relação única entre pais e filhos.
Uma relação catita! Segui para a Suécia para me formar em Family-Lab Seminar Leader e Family Coaching Education, e nunca mais parei de estudar. Deste caminho, surgiu a Mãe Catita, com workshops, sessões de coaching parental e formação nas escolas. Em 2019, nasceu o livro “Eu sou Super – Pequenos Exercícios para uma grande autoestima”, actualmente na segunda edição.
2. Quando nos tornamos mães, a vontade de aprender mais e de ter estratégias para as diferentes situações acaba por surgir. Como surgiu a vontade de aprender mais e de ajudar outros pais?
Senti logo quando estava grávida que a forma de educar tradicional não estava alinhada com a pessoa que sou, e com a mãe que queria ser. Não sabia o caminho, mas estava cheia de perguntas. E as perguntas e o desconforto abrem caminhos. Primeiro investiguei mais sobre quem eu era, para alinhar a mãe que queria ser com a minha verdade. É importante para mim este alinhamento, ser autêntica é um exemplo muito importante para uma criança que cresce à procura do seu lugar no mundo. E saber a mãe que queremos ser, é um mapa de navegação essencial na parentalidade. Em todos os momentos desafiantes podemos perguntar “o que faria nesta situação a mãe que quero ser?”.
Paralelamente, notava nas dezenas de pessoas com que me cruzava em sessões particulares, que a maioria das fragilidades da autoestima vinham da infância. Senti uma enorme vontade de ajudar as duas gerações, os pais e os filhos.
3. O que acha que mudou em si, como pessoa e como mãe, durante este processo de aprendizagem e de evolução?
Tudo. Para estarmos mais conscientes das nossas emoções, dos nossos triggers internos e dos nossos desconfortos, temos de abrir as nossas caixas interiores. Principalmente as que estavam escondidas bem no sótão. Para não projectarmos as nossas sombras, medos, inseguranças e expectativas nos nossos filhos temos de as olhar com amor e aceitação. É um processo onde é necessária coragem e gentileza. A culpa que as mães sentem tão fortemente no dia a dia, vem de uma destas GRANDES caixas. Quando as abrimos e vemos o que está lá dentro, somos finalmente capazes, de estar presentes para os nossos filhos nos seus momentos mais difíceis. Aprendemos a conhecer a nossa força e o nosso coração, e eles crescem seguros pois estamos seguros em nós.
4. E como nasce o interesse em particular pelo desenvolvimento da autoestima nos mais novos e o livro “Eu sou super!”?
A autoestima é o reflexo de mais de nove áreas pessoais que trabalham em conjunto. Percebi na minha investigação que trabalhar a autoestima em alguém, é um grande caminho de desenvolvimento pessoal profundamente recompensador ao longo da vida. Percebi também que todos temos, tivemos ou teremos uma autoestima frágil em algum momento da nossa vida. E que essa fragilidade passa de geração em geração.
Escondemos muito bem o que vai dentro de nós, e escrever um livro para ajudar passo a passo a iluminar essas partes mais escondidas, foi uma experiência extraordinária e profunda para mim.
E ver como esse livro tem tocado a vida de tantas pessoas, e é usado por psicólogos e terapeutas para trabalhar com crianças é muitíssimo especial para mim. Acredito mesmo que se todos tivermos uma autoestima saudável, podemos mudar o mundo, um coração de cada vez.
5. O que os pais podem esperar do livro “Eu sou super!”? Como os pode ajudar no dia-a-dia com os seus filhos?
O “Eu sou Super” é um livro com 50 exercícios práticos e divertidos, que vão desenvolver as nove áreas essenciais à construção de uma autoestima saudável. Vai trabalhar o autoconhecimento, a regulação e aceitação emocional. O reconhecimento, a gratidão, a empatia e o pertencer. A autonomia, a independência e a responsabilidade pessoal. Mudar o mindset para um growth mindset, e apurar a resiliência. Promover o autocuidado, e os definir os nossos limites pessoais. Aprender a confiar, e a ter uma voz interior fã. Todos os ingredientes secretos para uma vida catita!
6. Para terminar, qual acha que é o maior desafio dos pais nos dias de hoje? E uma mensagem para que esse desafio se torne mais fácil?
O maior desafio para os pais é conseguirem estar presentes para eles próprios. Só nos conseguimos ligar verdadeiramente a uma criança, quando nos ligamos a nós.
As crianças procuram isso nos adultos, e perguntam através do seu comportamento “Quem és tu? Gostas de mim? Gostas de ti? Consegues ver-me?” Por isso, sentimos que os nossos filhos nos carregam nos botões todos. A vida leva-nos para longe de nós, senão soubermos o caminho de regresso a casa. A autoestima lembra-nos quem somos verdadeiramente. É a nossa melhor bússola.
Muito obrigada à Joana Laranjeiro para a disponibilidade para esta entrevista e pela bela mensagem que nos deixa na forma como devemos ver a relação com os nossos filhos e a parentalidade. Sem dúvida inspiradora!
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