O plano de Hitler contra os Aliados: A minha opinião sobre “A noite dos assassinos”

Na semana em que se assinala o 77º aniversário da libertação do campo de concentração de Auschwitz, trago a minha opinião sobre o último livro do mês do clube de leitura de 2021. “A Noite dos Assassinos” foi o livro escolhido para assinalar um novo reforço para os Aliados (a entrada dos Estados Unidos da América na Segunda Guerra Mundial) e conta os detalhes de um secreto plano de Hitler para eliminar os três grandes líderes que se lhe opunham.
Quando “A Noite dos Assassinos” foi lançando pela Planeta de Livros, achei bastante interessante a forma como Howard Blum se propôs a contar factos históricos com a cadência de um thriller. Para quem me conhece e me acompanha regularmente no Instagram, sabe que o género thriller é um dos meus preferidos. Por isso, juntar um livro escrito como thriller e factos da Segunda Guerra Mundial eram os ingredientes indispensáveis para saber que este livro teria de fazer parte da minhas leituras. Escolhi-o para terminar o primeiro ano do Clube Leituras descomplicadas e não podia ter feito melhor escolha! Hoje, trago a minha opinião sobre um livro que recomendo a todas as pessoas e que relata acontecimentos que eram totalmente desconhecidos para mim.
O plano de Hitler de que Roosevelt, Stalin e Churchill conseguiram escapar
Fãs de jogos de espionagem: “A Noite dos Assassinos” é livro certo para vocês! Se as histórias ficcionadas de espionagem são capazes de reunir muitos fãs, quando sabemos que os acontecimentos que estamos a ler aconteceram mesmo, isso só pode mesmo aumentar o interesse do livro. Pelo menos, é o que acontece comigo! Com a maior parte da acção centrada no Irão e na sua capital, Howard Blum consegue cativar desde cedo com a sua escrita. Acho que o mistério que associamos a estas paragens se sente nas páginas deste livro, conseguindo-se quase sentir os aromas que caracterizam o Oriente. Todos os encontros mais ou menos secretos de grandes líderes mundiais são envoltos em mistério. Se, ainda por cima, esse encontro ocorrer durante um dos maiores conflitos mundiais de toda a História, isso só pode significar que existe muito espaço de manobra para os espiões de ambos os lados entrarem em acção. E, claro, mentes diabólicas são-no em todos os momentos e é assim que surge o plano de Hitler para assassinar os seus três maiores opositores.
Ler este livro fez-me recordar o livro “Munique”, de Robert Harris… Neste livro, tal como nesse, vemos a história a ser narrada essencialmente por dois interlocutores principais. Dois interlocutores que simbolizam os dois lados opostos de um mesmo conflito. “A Noite dos Assassinos” é feita da narrativa de Mike Reilly, segurança pessoal Roosevelt, e de Walter Schellenberg, jovem general das SS que chefiou a secção 6 do RSHA (Reichssicherheitshauptamt, em português Gabinete Central de Segurança do Reich, estrutura criada por Himmler). E estes são os dois que acabam por ser o cão e o gato de toda a história: umas vezes com avanços, outras vezes com revezes na concretização dos seus objectivos. Não posso deixar de destacar a parte central do livro onde estão fotografias de alguns dos elementos principais envolvidos neste plano de Hitler e que tornam tudo mais real para o leitor.
Acho que se sente o profundo trabalho de investigação feito por Howard Blum para escrever este livro (cujas fontes bibliográficas são extensamente apresentadas no final do livro, permitindo-nos levar mais longe a nossa experiência com este livro, o que conta sempre como um factor muito positivo para mim). O epílogo e a nota sobre as fontes utilizadas, que Blum apresenta no final do livro, são essenciais para compreender como surgiu a ideia de escrever este livro e como foram os tempos posteriores dos intervenientes, depois de abandonarem Teerão. Estes dois capítulos são o encerrar do pano sobre uma história de espiões, de sucessos e de insucessos, e que não seria possível trazer à luz dos dias se não tivessem passado tantos anos…
“A reposta continuaria guardada, escondida no fundo dos repositórios secretos para onde as nações rementem os dramas falhados que em tempos excitaram corações sinistros. Até agora” (pág. 352)
Este livro parte nasce da desclassificação de documentos secretos escondidos dentro de caixas envoltas de cheiro a mofo num quartel-general de espionagem. É assim que se conhece a Operação Grande Salto e se consegue contar ao mundo mais um dos terríveis planos que Hitler imaginou durante a Segunda Guerra Mundial. Muitos são ainda os documentos que continuam longe dos olhares do Mundo, com um grau de classificação que não permite que olhares curiosos de gerações de descendentes dos sobreviventes deste conflito mundial conheçam mais dos acontecimentos que os seus antepassados viveram. Decorrem 77 anos desde o início do fim da Segunda Guerra Mundial e muitos são ainda os segredos que a maioria de nós desconhece. Acredito que muitos ainda serão os livros como “A Noite dos Assassinos” que nos vão continuar a surpreender. Espero que autores como Howard Blum se continuem a dedicar às suas pesquisas e que nunca percam o bichinho que não os faz desistir. Somente assim teremos o conhecimento necessário para fazer com que a História não se repita e garantir que se presta a devida homenagem aos que se salvaram e, principalmente, aos que sucumbiram.
O plano de Hitler e “A Noite dos Assassinos”: O resumo da minha opinião
O que mais gostei neste livro?
- O extenso trabalho de investigação realizado por Howard Blum que se sente ao longo de todo o livro e que se comprova pela extensa lista de fontes bibliográficas disponibilizada no final do livro;
- O véu de thriller dado à narrativa foi o estilo certo para descrever os acontecimentos históricos narrados, a Operação Grande Salto, a espionagem e a contra-espionagem onde nem sequer faltou uma Mata Hari;
- As fotografias apresentadas na parte central do livro são essenciais para conhecermos os olhares das pessoas com que nos cruzamos ao longo do livro. Acho este aspecto muito importante num livro que relata acontecimentos históricos pois confere a parte humana à narrativa que nos é apresentada, ainda que os seres humanos para os quais olhamos possam ter sido capazes das maiores atrocidades.
O livro “A Noite dos Assassinos” foi-me gentilmente cedido pela Planeta de Livros.
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