As estações de Mia Couto: Um ano de leituras

Mia Couto é o meu autor de conforto. O primeiro contacto que tive com a sua escrita foi no 10º ano. Na lista de leituras sugeridas para a disciplina de Português surgia Cada homem é uma raça e esse livro marcou o meu primeiro contacto com a escrita maravilhosa de Mia. Em 2022, quero regressar a Mia Couto e quero convidar-te a acompanhar-me neste regresso. A proposta? Saborear a sua escrita poética ao sabor das estações do ano, lendo dois livros em cada estação. São livros para saborear lentamente e que, tenho a certeza, serão uma óptima descoberta para todos aqueles que não conhecem este autor.
No Inverno (Janeiro a Março), iremos ler:
- A confissão da leoa (livro que integra as recomendações do Plano Nacional de Leitura nas sugestões para adultos). Sinopse: Um acontecimento real – as sucessivas mortes de pessoas provocadas por ataques de leões numa remota região do norte de Moçambique – é pretexto para Mia Couto escrever um surpreendente romance. Não tanto sobre leões e caçadas, mas sobre homens e mulheres vivendo em condições extremas. A Confissão da Leoa é bem um romance à altura de Terra Sonâmbula e Jesusalém, já conhecidos do leitor português.
- Jesusalém (livro que integra as recomendações do Plano Nacional de Leitura para o Ensino Secundário). Sinopse: Jesusalém é seguramente a mais madura e mais conseguida obra de um escritor em plena posse das suas capacidades criativas. Aliando uma narrativa a um tempo complexa e aliciante ao seu estilo poético tão pessoal, Mia Couto confirma o lugar cimeiro de que goza nas literaturas de língua portuguesa. A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado, diz um dos protagonistas deste romance. A prosa mágica do escritor moçambicano ajuda, certamente, a reencantar este nosso mundo.
Na Primavera (Março a Junho), iremos ler:
- Venenos de Deus, remédios do Diabo. Sinopse: O jovem médico português Sidónio Rosa, perdido de amores pela mulata moçambicana Deolinda, que conheceu em Lisboa num congresso médico, deslocou-se como cooperante para Moçambique em busca da sua amada. Em Vila Cacimba, onde encontra os pais dela, espera pacientemente que ela regresse do estágio que está a frequentar algures. Mas regressará ela algum dia? Entretanto vão-se revelando, por entre a névoa que a cobre, os segredos e mistérios, as histórias não contadas de Vila Cacimba — a família dos Sozinhos, Munda e Bartolomeu, o velho marinheiro, o administrador, Suacelência e sua Esposinha, a misteriosa mensageira do vestido cinzento espalhando as flores do esquecimento.
- A varanda do Frangipani. Sinopse: A narrativa de A Varanda do Frangipani decorre na Fortaleza de S. Nicolau, algures em Moçambique. A fortaleza há muito que deixou de ser reduto de defesa e ocupação estrangeira para se transformar num asilo de velhos. A trama policial, as reflexões sobre a guerra e sobre a paz, o Universo mágico, a riqueza de personagens, aliados a uma narrativa pujante e amadurecida, fazem deste livro uma das mais belas obras de Mia Couto.
No Verão (Junho a Setembro), iremos ler:
- O outro pé da sereia. Sinopse: Viagens diversas cruzam-se neste romance: a de D. Gonçalo da Silveira, a de Mwadia Malunga e a de um casal de afroamericanos. O missionário português persegue o inatingível sonho de um continente convertido, a jovem Mwadia cumpre o impossível regresso à infância eos afro-americanos seguem a miragem do reencontro com um lugar encantado. Outras personagens atravessam séculos e distâncias: o escravo Nimi, à procura das areias brancas da sua roubada origem. A própria estátua de Nossa Senhora, viajando de Goa para África, transita da religião dos céus para o sagrado das águas. E toda uma aldeia chamada Vila Longe atravessa os territórios do sonho, para além das fronteiras da geografia e da vida. As diferentes viagens entrecruzam-se numa narrativa mágica, por via de uma mesma escrita densa e leve, misteriosa e poética, de um dos mais consagrados escritores de língua portuguesa.
- Mulheres de cinza (livro 1 da trilogia As areias do Imperador). Sinopse: Mulheres de Cinza é o primeiro livro de uma trilogia sobre os derradeiros dias do chamado Estado de Gaza, o segundo maior império em África dirigido por um africano. Ngungunyane (ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses) foi o último de uma série de imperadores que governou metade do território de Moçambique. Derrotado em 1895 pelas forças portuguesas comandadas por Mouzinho de Albuquerque, Ngungunyane foi deportado para os Açores onde veio a morrer em 1906. Os seus restos mortais terão sido trasladados para Moçambique em 1985. Existem, no entanto, versões que sugerem que não foram as ossadas do imperador que voltaram dentro da urna. Foram torrões de areia. Do grande adversário de Portugal restam areias recolhidas em solo português. Esta narrativa é uma recreação ficcional inspirada em factos e personagens reais. Serviram de fonte de informação uma extensa documentação produzida em Moçambique e em Portugal e, mais importante ainda, diversas entrevistas efectuadas em Maputo e Inhambane.
No Outono (Setembro a Dezembro), iremos ler:
- A espada e a azagaia (livro 2 da trilogia As areias do Imperador). Sinopse: A Espada e a Azagaia é o segundo livro ( o primeiro, Mulheres de Cinza, foi publicado em outubro de 2015) de uma trilogia — As Areias do Imperador — sobre os derradeiros dias do chamado Estado de Gaza, o segundo maior império em África dirigido por um africano. Ngungunyane (ou Gungunhane como ficou conhecido pelos portugueses) foi o ultimo dos imperadores que governou toda a metade Sul do território de Moçambique. Derrotado em 1895 pelas forças portuguesas comandadas por Mouzinho de Albuquerque, o imperador Ngungunyane foi deportado para os Açores onde veio a morrer em 1906. Os seus restos mortais terão sido transladados para Moçambique em 1985. Existem, no entanto, versões que sugerem que não foram as ossadas do imperador que voltaram dentro da urna. Foram torrões de areia. Do grande adversário de Portugal restam as areias recolhidas em solo português.
- O bebedor de horizontes (livro 3 da trilogia As areias do Imperador). Sinopse: Neste último volume da trilogia, os prisioneiros embarcam no cais de Zimakaze e a lancha parte em direção ao posto de Languene. Ali farão uma breve paragem para depois rumarem para o estuário do Limpopo e ali darem início à viagem marítima que conduzirá os africanos para um distante e eterno exílio.
Sempre que fizeres uma partilha das tuas leituras para “As estações de Mia Couto”, não deixes de usar a hashtag #asestacoesdemiacouto para que possa acompanhar as tuas leituras e partilhar nas minhas redes sociais. Espero que, no final do ano de 2022, te tenhas apaixonado por Mia Couto como eu me apaixonei!
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