Conclave: A cidade dos Papas pelos olhos de Robert Harris
“Conclave” é o quatro livro que leio de Robert Harris. Os meandros dos jogos de poder em torno da eleição de um novo Papa são colocados a nu pela maestria da pena de Harris e só venho confirmar o quanto gosto deste autor. Livros como “Munique”, “V2” ou “O Oficial e o Espião” fazem parte da biblioteca cá de casa e é difícil de escolher o que gostei mais de ler. “Conclave” foi um dos achados da Feira do Livro de Lisboa e hoje escrevo sobre o que achei desta leitura.
“Conclave”: A minha opinião sobre este livro
Tudo aquilo que se passa nos corredores e nos meandros do Vaticano desperta sempre o maior interesse junto dos leitores, qual organização secreta que todos gostaríamos de explorar. O secretismo que envolve os processos e os acontecimentos que ocorrem no Vaticano, alguns que vemos ser desvendados de tempos a tempos, tornam os livros passados no Vaticano escolhas sempre fascinantes para os leitores. Robert Harris, com a sua pena de escritor de thrillers, traz “Conclave” que explora as dinâmicas de poder, de guerras pessoais e de segredos que podem rodear o processo de nomeação do novo Papa durante o período de Sede Vacante. Para quem não sabe, esta expressão traduz-se como “trono vazio” e simboliza o período durante o qual uma sede episcopal ou uma igreja está sem o seu ocupante máximo. Ainda que, segundo o Direito Canónico se aplique a todas estas fases de ausência, é um termo mais habitualmente associado ao período que decorre entre a morte do Papa e a eleição do seu sucessor entre os cardeais com assento no Colégio Cardinalício e que podem ser eleitos.
Sendo eu uma fã confessa de Robert Harris, este livro teria de fazer parte das minhas leituras e, mais uma vez, a escrita do autor não me desiludiu. Encontrei em “Conclave” a inteligência e a pesquisa profunda de um autor que transforma acontecimentos históricos em thrillers de suspense que nos fazem ansiar por cada novo capítulo do livro que estamos a ler. Atenção que é necessário ter sempre presente que, ainda que os livros de Harris tenham por base acontecimentos históricos, os seus livros são ficção e podem conter uma ou outra adaptação livre para tornar a história mais cativante.
Todo o livro gira em torno das dinâmicas que se estabelecem entre os diferentes cardeais, e os grupos de apoio que se criam em relação aos que começam a surgir como favoritos. Gostei de ver explorada a noção de apoio por região geográfica e de ver como as conversações se foram estabelecendo. Por outro lado, penso que com este livro se pode mostrar a profunda reflexão humana e dilemas que podem afectar a mente daqueles que começam a surgir de forma destacada em direção do trono de Pedro, do lugar cimeiro da Igreja Católica. Um conclave é política, claro que sim, mas constitui-se também como o alcançar do lugar cimeiro de uma das organizações de maior poder em todo o Mundo, que move milhões de pessoas e de euros todos os dias. Sim, porque falar-se de Igreja é, também falar-se de dinheiro e não existe volta a dar…
Outra linha de narrativa que surge descrita no livro e que dá muito que pensar sobre alguns dos elementos que envergam uma batina são as relações de cariz sexual que se estabelecem nos locais onde existem missões. Questiono-me quantas mulheres se viram grávidas e absorvidas por esta enorme máquina de poder onde o padre será sempre o elemento que não terá a sua reputação manchada.. . Mas quero acreditar que esta realidade também está a mudar e que as mulheres (e as crianças, claro está!) deixarão de sofrer às mãos de quem, à partida, lhes deveria dar o conforto espiritual nas suas vidas…
Um thriller que recomendo e que tenho a certeza agradará a todos os fãs de Robert Harris. Consegui convencer a ler este autor?! Espero que sim!
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