“As gémeas de Auschwitz”: Sobreviver ao “Anjo da morte”
Para quem me segue, encontrar aqui a book review do livro “As gémeas de Auschwitz” não é de estranhar. Desde há muitos anos que ler sobre o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial se tornou um dos meus temas de eleição. Sobre o tema, já vos deixei um conjunto de sugestões de leitura para assinalar o Dia da Memória a 27 de Janeiro. Também já vos falei do livro que conta o relato de sobrevivência da meia-irmã de Anne Frank. Tivemos a oportunidade de “visitar” um ateliê de sonhos ou compreender como pode uma orfã tornar-se uma espia disfarçada de monstro. Já tinha “As gémeas de Auschwitz” para ler há algum tempo e decidi aproveitar estes dias para ver se a pilha de livros por ler começa a diminuir…
A palavra Auschwitz na capa de um livro, quer queiramos quer não, acaba por tornar esse livro apetecível para os leitores… Pode parecer algo contraditório de se dizer… Mas é mesmo assim! Já falei disso algumas vezes no meu bookstagram. Estes são livros que nos deixam sempre com sentimentos de tristeza e de impotência… E não apenas pela dureza dos relatos que retratam. Muitas vezes, temos, diante de nós, romances que são criados a partir da fase mais negra da história europeia. Estaremos nós a fazer a homenagem certa a todos os milhares de mortos e aos sobreviventes do Holocausto?! Fica a reflexão… Mas existem muitos relatos de percursos de coragem e de resiliência que importa ler. E “As gémeas de Auschwitz” são um bom exemplo disso. Porque sobreviver ao “Anjo da morte”, Dr. Josef Mengele, é um relato que vale a pena conhecer…
“As gémeas de Auschwitz”: A minha opinião sobre o livro
Para quem, como eu, já leu a biografia de Josef Mengele, ler o relato da sobrevivência de dois dos seus gémeos seria quase obrigatório. O “Tio Mengele”, como era chamado por alguns dos seus gémeos, era um médico das SS colocado em Auschwitz-Birkenau. Dedicava-se a todo o tipo de experiências médicas nas pessoas que escolhia na plataforma do comboio. Os seus alvos preferenciais eram gémeos verdadeiros em que testava as mais diversas doenças, comportamento completamente atroz por parte de um médico. “As gémeas de Auschwitz” relatam a história de Eva e de Miriam Mozes, desde a sua infância na Roménia até à sua vida adulta. Trata-se de um relato duro de sobrevivência de duas gémeas tão diferentes em temperamento mas que sobreviveram para perdoar.
Em Auschwitz-Birkenau, Eva e Miriam foram alvos dos mais diferentes testes e inoculações de substâncias químicas que viriam, indiscutivelmente, a determinar o seu estado de saúde enquanto adultas. Elas foram as únicas sobreviventes de Auschwitz da família Mozes. Foram as únicas que puderam contar as atrocidades, a falta de empatia e os piores crimes que se cometeram contra judeus, ciganos, doentes mentais, pessoas com diferente ideologia política e tantas outras pessoas em nome do Nazismo. Apesar de ser um relato duro, este é um livro que deve ser lido por todos nós. No final deste livro, encontramos aquela que pode ser a maior lição de vida que todos nós podemos aprender: o acto de perdoar. Ter a capacidade de perdoar às pessoas que a poderiam ter matado… É uma lição de resiliência como nenhuma outra. Provavelmente, poucas pessoas teriam essa capacidade. Mas Eva conseguiu na visita que fez a Auschwitz pouco antes de morrer.
Se gostam do tema, recomendo mesmo a leitura deste relato. Nunca ficamos as mesmas pessoas depois de lermos relatos de sobreviventes do Holocausto. E vocês vão sentir isso mesmo depois de lerem este livro! E digam-me: qual foi o último livro sobre o tema que leram? Partilhem qual foi nos comentários e deixem a opinião sobre ele para que possamos partilhar leituras.
Sobre “As gémeas de Auschwitz”: Editora Alma dos Livros| Autores: Eva Mozes Kor e Lisa Rojany Buccieri | Idioma: Português | Classificação temática: Livros em Português > Literatura > Memórias e Testemunhos
Outras sugestões de livros sobre Auschwitz:
O tatuador de Auschwitz, de Heather Morris
A coragem de Cilka, de Heather Morris
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As cartas perdidas de Auschwitz, de Anna Ellory
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O rapaz que seguiu o pai para Auschwitz, de Jeremy Dronfield
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