Dia da Mulher: o meu limite, o teu e o de todos nós

Hoje celebra-se mais um Dia da Mulher. Neste dia 8 de Março, desde 1975, que se celebra o Dia Internacional da Mulher depois de instituído pelas Nações Unidas. Desde 1909 e até esse ano, por todo o mundo, que aconteciam manifestações, conferências e passeatas defendendo os direitos das mulheres e a igualdade de oportunidades e de condições de trabalho. Estamos em 2020 e assinala-se mais um Dia da Mulher. Este é o dia de se divulgarem sempre nós as piores estatísticas sobre violência doméstica. É o dia em que se fala das desigualdades salariais e de cargos ocupados por mulheres em relação aos homens. E, inevitavelmente, o dia em que se pensa no malabarismo que todas as mulheres fazem diariamente para conseguir conciliar trabalho e família. Mas deverá este dia ser sinónimo de tudo isto?!
Enquanto continuarmos sempre no mesmo caminho e a focar as mesmas coisas, a realidade não irá mudar. Isto está longe de ser um caso de “água mole em pedra dura…”. Se dermos sempre uma tónica negativa ao Dia da Mulher, ele nunca passará disso: o dia negro das estatísticas de homens vs mulheres. Porque não pensarmos, neste dia, no que podemos construir em casa e na escola para passar a melhor mensagem aos nossos filhos? Enquanto acharmos que existem brinquedos de menina e de menino, brincadeiras e jogos definidas por sexo… Isso será perpetuado nas gerações e perder-se-á a essência daquilo que é importante. Entranhar nas novas gerações que todos podem tudo e que todas as profissões, brincadeiras ou brinquedos estão certos, seja menino ou menina… Esse tem de ser o caminho! E porque se fala sempre de violência doméstica neste dia… Vamos falar de limites?!
Dia da Mulher: Vamos falar de limites?
A tarefa de sermos pais não é nada fácil… Temos a atribuição de dar ao pequeno ser humano que geramos, cuidamos e educamos todos os dias a melhor imagem do mundo. Está nas nossas mãos dar-lhe a capacidade de decisão, o poder da escolha e, muito importante, a capacidade e a compreensão de que pode dizer não se assim for preciso ou desejarem. Por isso… Porque não usar o Dia da Mulher (e todos os outros dias do ano) para passar as mensagens essenciais às nossas crianças para quando forem adultos?
Por isso, pensei em trazer-vos hoje um livro diferente e que acho que pode ser uma peça-chave na educação dos nossos filhos. O livro chama-se “O teu corpo é teu!”, de Rachel Brian, e é editado em Portugal pela Nuvem de Letras (da Penguin Random House Grupo Editorial Portugal). Na sua sinopse podemos ler:
“Este livro não só te ensina a definir limites em relação ao teu corpo como também te leva a reflectir sobre o teu comportamento em relação aos outros, ajudando-te a sentires-te seguro, respeitado e 100% dono do teu corpo“
E não será esta uma mensagem fundamental de pensarmos aos nossos filhos, rapazes e raparigas, para que a expressão “violência doméstica” possa desaparecer? A palavra-chave deste livro é consentimento. Esse é o objectivo da sua mensagem e aquilo que podemos trabalhar, enquanto pais e professores, com os nossos filhos para que o respeito e a compreensão do não possam ser interiorizados desde cedo. No fundo… Se todos nos respeitarmos e compreendermos que todos temos os nossos limites, ainda que não sejam iguais para todos, a nossa convivência será melhor e os episódios indesejados serão cada vez menos.
Aquilo que queremos para o futuro dos nossos filhos deve ir muito além de um bom emprego, uma família e estabilidade. Deve ser focado nos valores, na sua inteligência emocional e na sua empatia, características essenciais para que possam ser adultos de bem com a vinda e com maior nível de compreensão de quem os rodeia. O Dia da Mulher também deve ser isto: deve ser pensar no que podemos e devemos mudar na educação dos nossos filhos para que eles saibam que têm igualdade de oportunidades e igualdade de responsabilidades em todos os campos das suas vidas. Há que acabar com a expressão de que “o pai ajuda bastante lá em casa”. Não, ele não ajuda… Ele partilha as tarefas e as responsabilidades de viver na mesma casa, no seio da mesma família. Pequenas mudanças nas expressões enraizadas na nossa cultura há décadas são o início da mudança de mentalidade que nos poderá levar a uma sociedade mais justa entre homens e mulheres e em que não seja o sexo a definir aquilo que podemos sonhar ser na nossa vida!
Para quem tiver interesse neste livro, aqui ficam os links para ele na Bertrand e na Wook. Boas leituras!
Um beijinho… E vê sempre as coisas boas à tua volta 🙂
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