Uma nova escola para Portugal: Onde estamos e para onde queremos ir?

Quem me acompanha há algum tempo, sabe que a realidade da escola me preocupa, quanto mais não seja por ser mãe. Encontrar um livro que se dedica a reflectir sobre “Uma nova escola para Portugal” é convidar-me a pensar em questões importantes e estruturantes para as nossas crianças. Neste livro, escrito por Jorge Rio Cardoso (edição Guerra e Paz), docente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, faz-se uma reflexão sobre a escola do passado e a que será desejável termos no futuro, onde o respeito pelo ritmo da criança e pelos seus interesses deve ser preponderante.
O mundo à nossa volta tem cada vez mais estímulos e torna-se difícil educar na curiosidade como vos falei nesta book review (se tiverem mais curiosidade, o livro “Educar na Curiosidade” é este!). A forma de estar em sala de aula dos nossos filhos é diferente. Os seus interesses são diferentes dos que tivemos com a sua idade e até o seu nível de maturidade com 10 anos é diferente do que tínhamos com a mesma idade. Ao mesmo tempo, aquilo que é exigido aos nossos professores é também diferente. Muitas horas na escola, muita burocracia, muitas reuniões, muitas solicitações… E isso reflecte-se na forma como eles conduzem o processo pedagógico e naquilo que podem entregar às crianças e à comunidade educativa. Penso muito nesta realidade, leio muito sobre o assunto, partilho muitas opiniões com outros pais e professores… Por isso, fiquei muito curiosa em ler este livro “Uma nova escola para Portugal”. Querem conhecer a minha opinião?
“Uma nova escola para Portugal”: A minha opinião sobre o livro
As crianças não têm todas o mesmo ritmo de aprendizagem. As crianças não têm todas as inteligências desenvolvidas da mesma forma. As crianças não recebem todas os mesmos estímulos… E deve ser a isso, enquanto pais, professores e comunidade educativa que devemos estar atentos. Sabemos que não existe um truque infalível para se ter filhos mais felizes… Não existem receitas infalíveis nesta coisa de se ser pai. Mas isso não deve fazer com que a nossa realidade escolar crie robots e não seres pensantes para a sociedade que os espera enquanto adultos. Podemos desenvolver diferentes estratégias e ferramentas enquanto pais (espreitem, por exemplo, os livros “Educar com mindfulness” e “Educar com mindfulness na adolescência”) mas isso não significa que estejamos desligados da realidade escolar dos nossos filhos… E é disto tudo que este livro nos fala!
Jorge Rio Cardoso descreve aquilo que poderia ser “Uma nova escola para Portugal”, mostrando que essa escola não deve basear-se em técnicas apenas expositivas mas que deve, antes, convidar a criança e o jovem a participar no seu processo educativo e de aprendizagem. A criança deixa de passar o seu dia sentada numa secretária mas levanta-se, arregaça as mangas e embrenha-se na sua aprendizagem. Participando, fazendo, debatendo, utilizando as nova tecnologias, desenvolvendo a sua inteligência emocional e a sua resiliência. O autor destaca o papel fundamental que a inteligência emocional possui nas relações entre as crianças e o papel importante que terá no seu futuro. Desperta-nos para a importância de falarmos das emoções, de atribuirmos à criança o poder de decidir. Ao mesmo tempo, fala da importância que existe da escola se relacionar e contribuir para a comunidade em que se insere. No livro, são mostrados exemplos, de norte a sul do país, que mostram o importante actor de responsabilidade social que as escolas devem se nas suas comunidades e o quanto isso é importante para o desenvolvimento do espírito de cidadania nos mais novos.
Fala-se também da liderança em meio escolar e do papel fundamental que essa liderança tem para todos os processos pedagógicos e de construção de um espírito forte entre o pessoal docente, não docente, pais e comunidade em torno das crianças. As famílias são chamadas à escola não apenas como agentes passivos mas como tendo um papel activo na educação e nas aprendizagens dos seus filhos. Jorge Rio Cardoso defende que “Uma nova escola para Portugal” deve ser participada por todos e, principalmente, pela criança. Ela deve ser o pilar de todo o processo e não apenas um espectador do filme que se desenrola à sua frente. Um livro importante de ser lido, por pais, professores e educadores, pois todos temos um papel fundamental na educação dos cidadãos de amanhã que são os nossos filhos e os nossos alunos!
Outros livros de Jorge Rio Cardoso:
Do secundário à universidade com sucesso, Bora lá!
Pais à beira de um ataque de nervos
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