“The Kitchen Boy”: A mística dos Romanov em romance
Romanov. Provavelmente, um dos apelidos de família que mais tinta fez correr até hoje e sobre o qual ainda muito mistério persiste. Ler sobre os Romanov é, entre outros títulos, conhecer “The Kitchen Boy” e a história dos acontecimentos vividos na Casa Ipatief, localizada na remota Ekaterimburgo. Quando partilhei convosco quais seriam as minhas leituras de Fevereiro, disse-vos que o livro sobre famílias, para o desafio “Uma dúzia de livros” da Rita da Nova seria este “The Kitchen Boy”. Seria também o livro escolhido para a categoria “um livro sobre um Rei ou uma Rainha” do desafio de leitura de Livro a Livro.
Olhando para a minha mini biblioteca, dá para perceber que nem sempre os romances são a minha primeira escolha de leitura. No entanto, se se tratar de um romance histórico, rapidamente a história muda de figura. E tendo então o nome Romanov no título ou na sinopse, é capaz de tornar o livro ainda mais interessante! “The Kitchen Boy”, de Robert Alexander e editado pela Casa das Letras, promete contar-nos os últimos segredos da Família Imperial Russa e mostrar-nos tudo o que aconteceu entre Abril e Julho de 1918, mais concretamente o dia 16 de Julho, em que o curso da história da Rússia mudou para todo o sempre. Vamos conhecer esta história?
“The Kitchen Boy”: Da mansão ao bosque perdido da Sibéria
A vida da Família Imperial Russa, o encanto dos czares e o desfecho trágico que a história desta família é conhecida da maioria das pessoas. Quem se interesse pela história mundial, sabe que o czar Nicolau II e a sua família foram feitos prisioneiros na “Casa para Fins Especiais” durante quatro longos meses e que a sua história terminou na sua execução num bosque da Sibéria. A maioria saberá também que apenas muitos anos depois da Revolução, a família teve direito ao seu descanso eterno.
Robert Alexander não escreve ao acaso sobre os dias dos Romanov na Casa Ipatief. Baseou a sua escrita nos inúmeros documentos históricos e cartas referentes a este período negro da história russa bem como nos relatos existentes. Desde a primeira página do livro, o autor prende-nos às palavras de Leonka, o ajudante de cozinha da família imperial durante este período de reclusão. Através das suas palavras e da gravação da história para a sua neta, Leonka descreve todo o sofrimento, as restrições e as situações pelas quais os bolcheviques fizeram passar os Romanov.
O autor consegue guiar-nos ao longo dos dias e sentir as angústias dos enclausurados e dos seus apoiantes, ainda que já restem poucos que consigam fazer face aos perigos da Revolução Vermelha que se encontra em curso. Pelas palavras de Alexander, somos transportados até Ekaterimburgo e compreendemos a importância da coesão enquanto família e que pautou sempre a forma como os Romanov encararam este seu período de clausura. Mas porque um bom romance, mesmo que histórico, deve sempre guardar o melhor para fim, as últimas páginas de “The Kitchen Boy” brilham pela sua surpresa e pela capacidade de explorarem o nosso imaginário. E se, afinal, tudo tivesse acontecido desta forma?!
“The Kitchen Boy”: A minha visão sobre o livro
Como escrevi mais acima, não sou uma verdadeira fã de romances… Mas se eles forem históricos e tiverem por base uma história verídica, tudo muda de figura! E se, ainda por cima, a história for em torno dos Romanov, tenho ainda mais interesse em ler qualquer livro que esteja com eles relacionado. E ler “The Kitchen Boy” não defraudou, em nada, as minhas expectativas sobre este livro!
Os olhos com que os Romanov nos olham na foto de capa fazem-nos ficar presos à esperança do que teria acontecido se alguns dos elementos desta família tivesse sobrevivido. Quem nunca sonhou que Anastasia tivesse sobrevivido e tivesse conseguido manter a genética da família até aos dias de hoje? Quem nunca desejou ter compreendido tudo o que aconteceu entre Abril e Julho de 1918 na casa Ipatief? E quem nunca desejou que alguém tivesse salvo esta família do seu triste destino?
É esta magia e este motor de imaginação que encontramos nas palavras escritas por Alexander. Acho que autor consegue, com grande maestria, misturar o que foram os acontecimentos que permanecem relatados me diversos arquivos com a narrativa de um romance, pronto para nos fazer viajar até aquele tempo. A narrativa faz-nos não querer levantar do sofá até termos conseguido terminar de ler. E, em muitos momentos, parece que conseguimos sentir os cheiros, ver os acontecimentos e sentir as emoções como se se tivessem a passar connosco. Adorei ler este livro e recomendo-o a todos vocês. E se nunca leram sobre os Romanov, este pode muito bem ser uma boa forma de começarem a ler sobre esta família!
Podem também ler a minha review sobre este livro no Goodreads clicando neste link.
Outros títulos de Robert Alexander e sobre o Romanov
“A Filha de Rasputine”, de Robert Alexander
“A Noiva Romanov”, de Robert Alexander
“Os Romanov (1613-1825). Volume 1 – Ascensão”, de Simon Sebag Montefiore
“Os Romanov (1826-1918). Volume 2 – Declínio”, de Simon Sebag Montefiore
“O último dos czares. Nicolau II e a Revolução Russa”, de Robert Service
"O fantasma de Estaline": Uma viagem à Rússia dos nossos dias - Leituras descomplicadas
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