Micróbios… Longe do meu bebé? Ou será que não?
Como qualquer mãe (de primeira viagem ou não), estou sempre em busca de mais informação e de novos estudos que me possam ajudar nesta grande aventura da maternidade. Por isso, o Google tem-me acompanhado desde que engravidei (mas não de forma cega, atenção!) e, nos últimos tempos, tenho-me também dedicado a adquirir alguns que achei que poderiam ser leituras interessantes.
Por estes dias, o livro que me tem acompanhado chama-se “Deixe-os comer terra”, de Brett Finlay e Marie-Claire Arrieta. Descobri este livro através do Instagram e, depois de o ver nas prateleiras de uma livraria, não pude deixar de achar curiosa a frase que surge na sua capa: Como proteger os nossos filhos de um mundo excessivamente limpo. E não pude deixar de ficar mais curiosa com a leitura… Olhando logo para o título, não podemos deixar de o achar mais contraditório. Afinal de contas, comer terra é a total antítese daquilo que podemos desejar para os nossos filhos. As nossas crianças não são para andar sujas e, muito menos, andarem a fazer bolinhas de terra para comer. Mas, como os próprios autores explicam no seu livro, ninguém está a dizer-nos para literalmente deixarmos os nossos filhos comerem terra. Apenas nos sugerem que deveremos ter uma abordagem um pouco diferente da actual, logo desde a gravidez.
Baseados em diversos estudos científicos publicados em revistas internacionais de renome das áreas da Medicina e da Microbiologia, os autores desmistificam, por exemplo, a necessidade de ter de esterilizar os biberões para cada refeição do bebé. Explicam igualmente porque se deve evitar ao máximo a utilização de antibióticos, logo desde a gravidez, devendo a sua utilização ser feita de forma consciente e adequada à situação clínica: por exemplo, nada de tomar antibióticos quando o que temos é uma simples constipação que passaria em alguns dias sem recurso a medicação.
E todo o livro vai focar-se num único aspecto do nosso organismo: a nossa flora intestinal. Os pequenos bichinhos que vivem dentro de nós e que se alimentam de tudo aquilo que lhes fornecemos e que constituem o nosso microbioma. São alterações nestes bichinhos que se têm vindo a demonstrar responsáveis pelo aumento da incidência de um conjunto de doenças como a diabetes, as doenças inflamatórias do intestino (como a Doença de Crohn) e o aumento da obesidade em todo o mundo. E que estão a surgir cada vez mais cedo em todo o mundo, afectando cada vez mais crianças. E porque será que isto está a acontecer? E o que poderemos fazer pelas nossas crianças para que os seus bichinhos continuem a fazer o seu trabalho e que não venham a ter problemas no futuro por estes se tornarem pouco diversificados ou pouco estáveis?
Não querendo agora dizer a todas as mães que devem deixar obrigatoriamente de esterilizar os utensílios dos seus bebés, sugiro que leiam este livro e que vejam que avanços a Microbiologia tem estado a fazer e o que pode fazer para conseguirmos ter, no futuro, crianças mais saudáveis do que aquelas que encontramos nas gerações de hoje. É um contrasenso, com todos os cuidados que tomamos diariamente com tudo aquilo em que os nosso filhos tocam, termos um número cada vez mais elevado de crianças alérgicas. Será que não estaremos a deixar os nossos filhos demasiado limpos e a alterar irremediavelmente os seus bichinhos de forma a que percam as necessárias defesas do mundo exterior e se tornem mais vulneráveis? Há que repensar as nossas atitudes todos os dias e este livro permite-nos isso. Aconselho a leitura a quem, como eu, acha que a Ciência tem sempre algo de positivo para nos oferecer.
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